sábado, 23 de agosto de 2014

Dilemas de ocultação

Desde que estou na loja de rua, parece que a interação com as pessoas se tornou mais sociável. Já tinha escrito algures por aqui, que adorava ver se estava sol ou chuva, as pessoas e as coisas que aconteciam na rua. Hoje passou á porta da loja uma senhora de alguma idade, com o que eu vou supor tratar-se do neto numa mão e na outra um cestinho de verga recheado de fruta como se tivesse sáido agora do mercado. Provavelmente  a situação era mesmo essa e a senhora tinha acabado agora mesmo de fazer as suas comprinhas matinais e aproveitou para dar um passeio ao sol, mas o pormenor do cestinho de verga é que me chamou a atenção. Achei que era um pormenor bastante querido e levou-me aos tempos de infancia em que as nossas avós faziam exactamente o mesmo, sem medo que os vizinhos comentassem o que levavam elas nos sacos. Hoje em dia, estamos muito baseados aos sacos de plástico ou papel, ou até mesmo aquelas sacolas reciclaveis que se podem aderir nas próprias lojas, e é tambem frequente, e quem é comerciante deve ouvir isto ás "pázadas", ouvirmos os clientes a dizer para colocar-mos os produtos no saco ou mesmo na mala porque ninguem precisa de saber o que a pessoa comprou. A questão é que maior parte das vezes, as pessoas que nos rodeiam, não querem saber e podem até ter mais do que fazer da vida do que reparar no que raio levamos nós dentro dos sacos. O simples facto de aquela senhora passar com o cestinho de verga repleto de mercadorias para consumo próprio sem qualquer preocupação deixou-me a pensar nisto e como já sabem ou deviam saber, a minha cabeça nunca para e está sempre á procura de um assunto novo para debater, que é despertado ao mais pequeno dos pormenores. Gosto de pensar que vejo pequenos detalhes no nosso Mundo a que maior parte das pessoas não presta a atenção, e por isso falar sobre estas coisas que muitas das vezes não fazem sentido nenhum. Penso que seja o caso, mas escrevo na mesma.
Mas vamos lá pensar um pouco e reparar se realmente é ou não verdade que o consumidor diário, ganhou uma tendencia um pouco absurda, a meu ver, de esconder a medo as coisas que compra. Não percebo o porquê, até porque  se uma pessoa compra é porque pode (ok, muitas das vezes) e se compra o produto,o mesmo é da pessoa e ninguem tem mais nada a ver com o assunto. Ponto final, paragrafo. Mas a criação da especulação de ver uma pessoa a comprar uma peça de roupa ou até ingredientes para um jantar mais elaborado, tais como a pessoa que compra é compradora compulsiva ou vai fazer uma festa e não me convidou, dão logo origem  a murmurinhos desnecessários acusando a pessoa de coisa muitas vezes absurdas e que não fazem sentido nenhum. As pessoas ganharam a necessidade de esconder o que é seu por direito e não deveriam ter de o fazer, mas o medo do que possa ser dito hoje em dia é o grande defeito da nossa sociedade. Mas voltando á senhora do cesto, já pensaram como seria bonito ver toda a gente de cestinho na mão, com as suas comprinhas acabadinhas de fazer? Para além de bonito, era também muito mais ecologico do que os sacos de plástico e papel. Se fosse pessoa de ir ao mercado nas manhãs dos dias solarentos, como fazia com muito gosto na minha querida Margem Sul, acreditem que começava a aparecer de cestinho de verga todo catita (com rendinhas e lacinhos claro está) no braço, cheio de coisinhas boas fresquinhas e cabadinhas de adquirir. É uma imagem bonita de se imaginar, não é?

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