sexta-feira, 29 de março de 2013
Solidão de Páscoa
Para quem gosta de estar com a familia, passar a páscoa sozinha, é um pequeno martirio. Nem é por ter de trabalhar neste dia - apesar de me passar ao lado o porque de as lojas e etc estarem sequer abertas - mas sim por não ter ninguem com quem conviver. Não ter as tias malucas com o almoço que está atrasado, não ter os tios a engolirem com os olhos, tudo o que dá na televisão, não ter a pequenada a correr de um lado para o outro com os ovos e as amendoas na mão. Há uns anos ir para Gáfete, passar a páscoa era um sacrificio, mas agora sinto mesmo a falta. Falta-me o chão de calçada com buracos de meio metro, as braseiras por debaixo das mesas de jantar e junto ao sofá, as camas atolhadas de roupa quente que quase nos esmaga, o cheiro a limpo que se sente no ar, até do armário repleto de queijos de todos os tamanhos e feitios, que quase nunca conseguia abrir. Era o meu local de familia, tudo se juntava naquele pequeno espaço, e eu gostava. De ter toda a familia reunida a conviver. Sinto falta. Este ano eles foram sim, mas eu fiquei para trás para suportar a solidão dos que também ficaram e que se arrastam pelo centro comercial com esperança de encontar alguma companhia. É triste. E eu sinto a falta dos meus. Contento-me então com a sopa pré-aquecida, as amendoas que ficaram e a televisão.
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